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Archive for the ‘dados por raça e etnia’ Category

Jornalistas debatem estratégias de divulgação dos censos nacionais

“O censo é um momento de repensar e rediscutir. É momento de a gente mapear e rediscutir a maioria negra. Quando se fala em censo, se pensa em retrato da realidade. Teremos a possibilidade histórica de ir além do diagnóstico”, disse Rosane Borges, jornalista e secretária-geral da ABPN (Associação Brasileira de Pesquisadores Negros), no painel Raça e Etnia nos Censos do Brasil, Pesquisas e Indicadores da População Negra do Encontro Latino-americano de Comunicação, Afrodescendentes e Censos de 2010, ocorrido em 18 de setembro, em Porto Alegre (RS).

Em analogia às investidas dos exércitos do Império contra os quilombos, Rosane lembrou a ação de um exército eletrônico constituído na forma e na articulação de discursos contrários às políticas de ações afirmativas e ao combato ao racismo. “A imprensa e a mídia negra, como o jornal Ìrohìn e Afropress, adotaram um outro tipo de noticiabilidade em que o princípio republicano do jornalismo é questionado por não incluir os afro-brasileiros. A mídia negra se posiciona e vai contra os tradicionais princípios do jornalismo”, refletiu Rosane Borges.

No painel Afrodescendentes e Rodada dos Censos de 2010 nas Américas, Esaud Noel, jornalista colombiano e editor da revista Ébano Latinoamérica, comentou o engajamento da imprensa e dos jornalistas afrodescendentes no censo de 2005. “Apoiamos o trabalho do censo de 2005 para motivar as pessoas a responderem o seu pertencimento étnico e racial. Mesmo com todo um trabalho de mobilização conseguimos somente 11% dos 25% que acreditamos ser na Colômbia”, declarou Noel, ex-correspondente do El País na Colômbia.  
 

Esaud Noel é presidente da Associação de Jornalistas Afro-colombianos e editor da revista Ébano Latinoamérica

Esaud Noel é presidente da Associação de Jornalistas Afro-colombianos e editor da revista Ébano Latinoamérica

“Sabemos que dos 1.102 municípios colombianos, 287 tem presença negra expressiva com pelo menos 25% da população. Queremos a interdependência, estamos interrelacionados. Queremos nos fazer fortes juntos com vocês”, completou Noel. Com larga experiência como professor de jornalismo e presidente da Associação de Jornalistas Afro-colombianos, Noel considera fundamental a conquista de espaço e visibilidade dos afrodescendentes na grande imprensa e a criação de canais próprios de comunicação. “Temos compromisso com uma comunidade e uma cultura”, ressaltou.
 
Articulação regional
Apresentando os princípios e as estratégias de atuação do Grupo de Trabalho Afrodescendente para os Censos de 2010, Sonia Viveros enfatizou a necessidade de uma mobilização intensa dos afrodescendentes das Américas para a coleta de dados por raça e etnia, para cumprimento de uma das deliberações do Plano de Ação de Durban. 

“No Equador, por exemplo, a estatística oficial aponta os afrodescendentes como 4% da população. Entretanto, temos indicativos de que sejamos 10% do país”, salientou Viveros, integrante da Rede de Mulheres Afro-latinoamericanas e Afro-caribenhas e do Grupo de Afrodescendentes para os Censos de 2010. “Precisamos de outras mãos, envolver jornalistas e comunicadores para nos ajudarem a difundir a rodada dos censos e a afirmação da identidade negra”, complementou a ativista equatoriana.

Informação é ponto-chave da mobilização de afrodescendentes para a autodeclaração

Informação é ponto-chave da mobilização de afrodescendentes para a autodeclaração

Papel dos jornalistas
Na moderação da mesa, Cristian Guevara, jornalista colombiano radicado na Espanha, abordou o papel dos jornalistas no enfrentamento do racismo. “Quando se está nos meios de comunicação, se tem as condições de retirar os filtros. Nós, com nosso talento, temos de reivindicar esse espaço e virar essa história seja nos grandes veículos de comunicação ou nos espaços alternativos”, apontou Guevara.
 
Para Vanda Menezes, feminista e integrante do grupo de mulheres negras mobilizado para a implementação do capítulo 9 – Enfrentamento ao Racismo, Sexismo e Lesbofobia do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres -, o debate do censo 2010 deve ser alavancado por diferentes estratégias, como audiências públicas, envolvimento de jovens e mulheres negras.

“O fato de uma pessoa ser negra ou branca determina a sua morte. Como perita criminal, tenho visto quase que diariamente jovens, na grande maioria negros, serem mortos por 7 a 10 tiros. Há necessidade de que todas e todos compreendam que o censo é oportunidade de vida ou de morte”, declarou Vanda Menezes

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Com a palavra: Seppir e IBGE

Com Sindjors
Fotos Arfio Mazzei

Para Elói Ferreira, secretário–adjunto da Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promação da Igualdade Racial), o tema da invisibilidade é determinante para o país. Ferreira fez um apanhado de datas e traçou a evolução e as conquistas dos negros na sociedade. “Os primeiros negros chegaram ao Brasil em 1511, nos porões do navios. Há uma data que é o Dia de Consciência Negra que é uma referência ao extermínio do Quilombo de Palmares, no dia 20 de novembro de 1695, ocasião em que os negros que vivam neste locais foram exterminados”.
 
Elói considerou que o censo é fundamental para determinar a dotação orçamentária para as políticas públicas voltadas à reparação em relação ao negros e também como forma de superar as desigualdades criadas ao longo dos 350 anos de escravidão. “Um processo discriminatório que estabeleceu a partir da chegada no Brasil dos primeiros negros e que apesar dos avanços é necessário fazer muito mais”, definiu.

 

Elói Ferreira (Seppir) divide a exposição com os jornalistas Cristian Guevara (Espanha), Esaud Noel (Colômbia) e a ativista Sonia Viveros (Equador)
Elói Ferreira (Seppir) divide a exposição com os jornalistas Cristian Guevara (Espanha), Esaud Noel (Colômbia) e a ativista Sonia Viveros (Equador)

Dados de raça e etnia no IBGE
Ana Lúcia Sabóia, socióloga e chefe da Divisão de Indicadores Sociais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), explicou que a partir de ano 2000 se consolidou a publicação anual do IBGE. Era a “Síntese de Indicadores Sociais (SIS) – Una Análise das Condições de Vida da População Brasileira”, que incluia um capítulo específico sobre desigualdades raciais, analisando diversos indicadores socioeconômicos relativos a educação, renda, organização familiar, entre outros. “Esta publicação tem tido bastante repercussão nacional e se converteu numa referência em matéria de informações e estudos das desigualdades raciais no país”, afirmou Sabóia, lembrando que a SIS 2009 será divulgada em 9 de outubro próximo.
 
A representante do IBGE considera um grande avanço a inclusão da pergunta de classificação racial, no questionário básico do Censo Demográfico de 2010, e que será aplicada em todos os domicílios do país. Ela informa que para a categoria indígena, se perguntará também a etnia e a língua falada. “A finalidade é obter informações atualizadas acerca do processo social de construção e utilização das categorias de classificação racial”.
 

 

Ana Lúcia Sabóia, chefe da Divisão de Indicadores Sociais do Instituto IBGE, fez um histórico sobre o levantamento de indicadores sobre raça e etnia

Ana Lúcia Sabóia, chefe da Divisão de Indicadores Sociais do Instituto IBGE, fez um histórico sobre o levantamento de indicadores sobre raça e etnia

Sabóia lembra que em 2008 foi implementada uma pesquisa sobre as Características Étnico-Raciais da População. “Trata-se de uma proposta de investigação inédita no IBGE quanto ao seu conteúdo, abrangência e metodologia”, observa, afirmando que os resultados desta investigação serão utilizados para pensar uma possível revisão do atual sistema de classificação racial do IBGE.
 
A socióloga diz que entre os objetivos da pesquisa estão questões importantes como levantar as dimensões mais relevantes da categorização por cor ou raça das pessoas, respeitando rigorosamente o princípio da autodeclaração como forma exclusiva de identificação. “Neste sentido, a pesquisa traz uma inovação metodológica: a seleção exclusiva de um entrevistado por domicílio que responde sobre a sua identificação racial.”
 
Outra intenção, segundo a chefe da Divisão de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é compreender o processo social de construção e utilização das categorias de identificação étnico-racial da população brasileira, além de fornecer uma base empírica que permita subsidiar a elaboração de uma proposta alternativa para aprimorar o atual sistema de classificação de cor/raça utilizado nas pesquisas do IBGE.

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Brasil lidera articulação internacional para desagregação de dados por raça e etnia.  Atualmente, somente 9 dos 19 países latino-americanos possuem dados desagregados nos censos nacionais
 
A alta comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas, Navi Pillay, considera fundamental a inclusão da variável de raça e etnia nos censos de 2010 para as políticas de combate ao racismo. O posicionamento foi comunicado ao Grupo de Trabalho Afrodescendentes das Américas – Censos de 2010, em 25 de agosto, em Genebra durante audiência de Pillay com representantes do movimento negro das Américas e do governo brasileiro.
 
O encontro foi solicitado pela Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), com apoio do programa de Gênero, Raça e Etnia do UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher) Brasil e Cone Sul.
 
Além do respaldo político, Pillay acionou a Unidade Antidiscriminação das Nações Unidas para dar suporte à mobilização da sociedade civil das Américas para os censos de 2010. O tema já deve ser incorporado em outubro, em Salvador, durante o seminário regional Dados Estatísticos, Políticas Públicas e Afrodescendentes organizado pelo Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU e pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe).
 
  
Navi Pillay, alta comissária de Direitos Humanos das Nações Humanos, na Conferência de Revisão de Durban

Navi Pillay, alta comissária de Direitos Humanos das Nações Humanos, na Conferência de Revisão de Durban

 


Plano de Ação de Durban
Na audiência com Navi Pillay, Maria Inês Barbosa, coordenadora de Gênero, Raça e Etnia do UNIFEM Brasil e Cone Sul, destacou a liderança dos afrodescendentes para incidir nos censos de 2010. “Essa agenda se insere num processo mais amplo de implementação de políticas de desconstrução do racismo e promoção da igualdade racial, tendo por base o Plano de Ação de Durban e um trabalho conjunto entre governo brasileiro e Nações Unidas. É importante que as agências considerem as distintas formas de existência das mulheres impactadas pelo racismo”, afirmou Maria Inês Barbosa.
 
Para Epsy Campbell, coordenadora executiva do Grupo de Trabalho Afrodescendentes das Américas – Censos de 2010, a articulação de afrodescendentes para os censos começa a ficar mais intensa. “Demonstramos ao Alto Comissariado a necessidade de priorizar o tema dados estatísticos oficiais e políticas públicas para os afrodescendentes”, avalia Epsy Campbell.
 
Ação na América Latina e Caribe
Outro ponto alto da missão foi a reunião dos afrodescendentes com o Grulac (Grupo de Países Latino-americanos e do Caribe).  No encontro, os ativistas apresentaram o plano estratégico para os censos de 2010 aos representantes de 13 países. Por sua vez, o Grulac apontou o interesse de inserir o tema em encontro internacional, a ser realizado em fevereiro de 2010.
 
Na audiência com o embaixador da Colômbia na Suíça, Angelino Garzón, os afrodescendentes garantiram o comprometimento da embaixada para instalar a agenda no país. De acordo com Garzón, a Colômbia poderá sediar o 2º Seminário Internacional de Dados Desagregados por Raça e Etnia da População Afrodescendente das Américas, em junho de 2010.
 
Atuação do Grupo
Com ações prioritárias no Brasil, Equador, Venezuela e República Dominicana, o Grupo Grupo de Trabalho Afrodescendentes das Américas – Censos de 2010 vai assessorar a Divisão de População da Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe) nos censos nacionais de 2010 a 2012. 
O grupo foi formado em junho de 2009, durante o Seminário Internacional de Dados Desagregados por Raça e Etnia da População Afrodescendente das Américas. Tem representação dos seguintes países: Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Estados Unidos, Panamá, Peru, Porto Rico e Venezuela.

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Seminário Internacional de Dados Desagregados por Raça e Etnia da População Afrodescendente das Américas

Brasil – junho de 2009

“Não podemos nem queremos esperar mais 10 anos para sermos cidadãos reconhecidos por nossos Estados. Os censos devem dar conta da população real de cada país”, afirmou Epsy Campbell, em junho de 2009, durante o Seminário Internacional de Dados Desagregados por Raça e Etnia da População Afrodescendente das Américas, que aconteceu em Brasília.
 
A exposição da ativista costa-riquenha demonstra a insatisfação da sociedade civil com os subregistros da população afrodescendente das Américas. Na região, somente nove países contêm bases de dados para identificação de afrodescendentes.
 
Um dos principais desafios a serem enfrentados é aplicação das variáveis raça e etnia, de acordo com o contexto histórico e político de cada país. No caso dos afrodescendentes, segundo a ativista, a variável raça é “imprescindível para a contagem, porque a estratificação racial é produto do racismo”. 

Gestor@s e ativistas participam de seminário internacional, em junho de 2009, em Brasília

Gestor@s e ativistas participam de seminário internacional, em junho de 2009, em Brasília

Epsy Campbell explicou que “a discriminação se dá pelo que é visto. A marca racial é real. O racismo é construído através de marcas e características raciais. Minha pele negra existe, apesar de ter gente que afirma não existirem diferenças raciais”, disse ela ao ressaltar que não é a “raça que gera o racismo. O racismo é um conceito baseado na superioridade racial”.
 
Reconhecimento da escravidão
Para Sandra Aragon, do Alto Comissariado para os Direitos Humanos das Nações Unidas, o enfrentamento do racismo se efetivará com a desconstrução da ideologia do racismo. “A Conferência de Durban resultou no primeiro documento das Nações Unidas de reconhecimento da escravidão, do tráfico transatlântico e do colonialismo como tragédia humana”. Aragon considerou que a Conferência de Durban incentivou um diálogo intercultural e de respeito à diversidade, movimentos que estabelecem as bases para um “processo de mudança para desmantelamento da ideologia racista”.

Na apresentação das pesquisas realizadas pelo Ministério da Saúde, Adauto Martins destacou a participação do movimento negro na definição da Política Nacional de Saúde da População Negra. “Muito do que temos hoje é produto da indução dos movimentos. Temos dificuldades de enxergar as iniqüidades e ainda vai levar um tempo até internalizar”. Ao final de sua exposição, Adauto avaliou que é preciso avançar na implementação do plano operativo da Política Nacional de Saúde da População Negra.
 
O seminário teve como marco a c riação do Grupo de Trabalho de Afrodescendentes das Américas para os Censos de 2010. O evento foi realizado pela Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) em parceria com IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), IPC-IG (Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo), e o MRE (Ministério das Relações Exteriores); com o apoio do UNIFEM Brasil e Cone Sul (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher), PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e  UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas).

 

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Somos tod@s afrodescendentes

Bem-vind@ ao Blog Afrocensos 2010. Este é um canal de informação sobre a mobilização d@s afrodescendentes para a coleta de dados por raça e etnia nos censos de 2010. Acompanhe aqui as principais notícias, dados, eventos e mobilizações lideradas pel@s afrodescendentes na rodada dos censos de 2010. A atualização das informações é feita por um grupo de jornalistas,  comunicador@s e ativistas latino-american@s, engajad@s na luta contra o racismo e na afirmação da identidade negra.

 E-mail: afrocensos2010comunica@gmail.com


Grupo de Trabalho de Afrodescendentes das Américas - Grupo de Trabajo de Afrodescendientes en las Américas

Somos tod@s afrodescendientes

Bienvenid@ al Blog Afrocensos 2010. Esta es una fuente de información sobre la movilización de afrodescendientes para la recolecta de datos por raza y etnia en los censos de 2010. Acompañe aquí las principales noticias, datos, eventos y movilizaciones sob el liderazgo de l@s afrodescendientes en la ronda censal de 2010. La actualización de las informaciones es hecha por un grupo  de periodistas, comunicador@s y activistas latinoamerican@s, involucrad@s en la lucha contra el racismo y para afirmación de la identidad negra.

Correo eletrónico: afrocensos2010comunica@gmail.com

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