Com a palavra: Seppir e IBGE
Com Sindjors
Fotos Arfio Mazzei
Para Elói Ferreira, secretário–adjunto da Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promação da Igualdade Racial), o tema da invisibilidade é determinante para o país. Ferreira fez um apanhado de datas e traçou a evolução e as conquistas dos negros na sociedade. “Os primeiros negros chegaram ao Brasil em 1511, nos porões do navios. Há uma data que é o Dia de Consciência Negra que é uma referência ao extermínio do Quilombo de Palmares, no dia 20 de novembro de 1695, ocasião em que os negros que vivam neste locais foram exterminados”.
Elói considerou que o censo é fundamental para determinar a dotação orçamentária para as políticas públicas voltadas à reparação em relação ao negros e também como forma de superar as desigualdades criadas ao longo dos 350 anos de escravidão. “Um processo discriminatório que estabeleceu a partir da chegada no Brasil dos primeiros negros e que apesar dos avanços é necessário fazer muito mais”, definiu.
- Elói Ferreira (Seppir) divide a exposição com os jornalistas Cristian Guevara (Espanha), Esaud Noel (Colômbia) e a ativista Sonia Viveros (Equador)
Dados de raça e etnia no IBGE
Ana Lúcia Sabóia, socióloga e chefe da Divisão de Indicadores Sociais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), explicou que a partir de ano 2000 se consolidou a publicação anual do IBGE. Era a “Síntese de Indicadores Sociais (SIS) – Una Análise das Condições de Vida da População Brasileira”, que incluia um capítulo específico sobre desigualdades raciais, analisando diversos indicadores socioeconômicos relativos a educação, renda, organização familiar, entre outros. “Esta publicação tem tido bastante repercussão nacional e se converteu numa referência em matéria de informações e estudos das desigualdades raciais no país”, afirmou Sabóia, lembrando que a SIS 2009 será divulgada em 9 de outubro próximo.
A representante do IBGE considera um grande avanço a inclusão da pergunta de classificação racial, no questionário básico do Censo Demográfico de 2010, e que será aplicada em todos os domicílios do país. Ela informa que para a categoria indígena, se perguntará também a etnia e a língua falada. “A finalidade é obter informações atualizadas acerca do processo social de construção e utilização das categorias de classificação racial”.

Ana Lúcia Sabóia, chefe da Divisão de Indicadores Sociais do Instituto IBGE, fez um histórico sobre o levantamento de indicadores sobre raça e etnia
Sabóia lembra que em 2008 foi implementada uma pesquisa sobre as Características Étnico-Raciais da População. “Trata-se de uma proposta de investigação inédita no IBGE quanto ao seu conteúdo, abrangência e metodologia”, observa, afirmando que os resultados desta investigação serão utilizados para pensar uma possível revisão do atual sistema de classificação racial do IBGE.
A socióloga diz que entre os objetivos da pesquisa estão questões importantes como levantar as dimensões mais relevantes da categorização por cor ou raça das pessoas, respeitando rigorosamente o princípio da autodeclaração como forma exclusiva de identificação. “Neste sentido, a pesquisa traz uma inovação metodológica: a seleção exclusiva de um entrevistado por domicílio que responde sobre a sua identificação racial.”
Outra intenção, segundo a chefe da Divisão de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é compreender o processo social de construção e utilização das categorias de identificação étnico-racial da população brasileira, além de fornecer uma base empírica que permita subsidiar a elaboração de uma proposta alternativa para aprimorar o atual sistema de classificação de cor/raça utilizado nas pesquisas do IBGE.
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